Hasta tu Brutus...
Também já o candidato do PS-que-não-é-do-PS, Manuel Alegre, tinha tranquilamente sacudido a água do capote garantindo que casamentos homossexuais não são com ele. É natural, o poeta só utiliza a sua voz poderosa com o seu próprio umbigo.
E infelizmente para quem escreve estas linhas, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda alinhou neste coro de disparates que colocam como condição para uma alteração legislativa, um debate aprofundado que ninguém dos círculos do poder quer realizar. O Bloco, garantiu Luís Fazenda, não vai avançar para já com nenhum projecto. Felizmente para muitas mulheres agredidas que o Bloco não aguardou por essse tal "debate alargado" para propôr e ganhar na Assembleia da República a violência doméstica como crime público, ou a regulamentação das medicinasi tradicionais, ou o fim da criminalização do consumo de drogas, ou... todas as suas propostas legislativas? Mas com paneleiros, fufas e o sacramento do casamento o assunto é diferente: teremos todos que procurar consensos impossíveis para depois poder mudar a lei que entretanto a Constituição já tornou absurda. Podia ao menos Luís Fazenda ter tido atenção ao que o candidato presidencial apoiado pelo BE anda a dizer sobre o assunto, não admitindo a hierarquização de prioridades nos direitos sociais, muito menos na violação de direitos civis que aqui está em causa. É que para o que Fazenda anda a dizer já temos o Jerónimo. Esperemos que o Bloco consiga ser menos disciplinado que o PC e alguém consiga contradizer o seu líder parlamentar. E, já agora, será que ninguém ainda reparou que a discussão pública já está lançada? Há até uma petição a circular, seminários e debates que vão sendo promovidos, opiniões que cruzam argumentos e todo um movimento social empenhado na transformação da lei e, claro está, no debate que tem acompanhado este momento. Para todos os que se refugiam nas prioridades ou na grande necessidade de debater, esssa é só a forma de se furtarem à discussão e às suas responsabilidades legislativas. Do Bloco esperava muito mais do que isso.
Etiquetas: BE, partidos políticos
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