A Anita não entende
Neste instante o pequeno-almoço azeda, o partido que penso representar a esperança de mudança e de modernidade no país, do fim das opressões e das opressõezinhas, da exploração e da discriminação, é aqui representado por esta mulher que diz isto. Para mais sendo ela responsável pela sua única vitória autárquica, começo a pensar que afinal talvez até tenha sido pelo melhor o Bloco não ter ganho a maioria em mais nenhuma câmara do país.
Anita não entende que utiliza os mesmos argumentos que o conservadorismo católico, de João César das Neves aos organizadores das manifs no Parque Eduardo VII; Anita não quer ver que os homossexuais já têm filhos e que estes não são por isso crianças especialmente deprimidas e destruturadas emocionalmente; Anita não quer crer que o argumento conservador, quando se garantiu o direito ao divórcio, poderia ter sido exactamente o mesmo; Anita não acredita, mas os homossexuais, são pais, mães, tias, avós, vizinhas, cunhados, irmãs, primos, amigos, colegas, certamente que alguns até Presidentes de Câmara; Anita acha que não há, mas há lésbicas, gays e até transgénereos no concelho a que preside; Anita acha que em Portugal os touros deveriam poder morrer na arena e eu acho que as touradas é que perturbam emocionalmente as crianças filhas de heteros ou de homos e já agora também os adultos que fazem do sofrimento e morte de um animal um espectáculo para seu divertimento; Anita pode pensar o que quiser e não entender muitas das coisas que se passam no mundo, mas enquanto fôr presidente de câmara terá de fazer um esforço; Anita é uma mulher independente eleita por um partido que tem defendido a igualdade de direitos e a possibilidade de adopção por homossexuais, mas sendo a única Presidente de Câmara desse partido, deveria abster-se de dele divergir na praça pública tão profundamente;
Anita não entende, mas a verdadeira questão é se quer realmente entender.
Etiquetas: BE, casamento, filhas/os de LGBTQ+, jovens, partidos políticos
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