!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> Panteras Rosa: abril 2006

quarta-feira, abril 26, 2006

25 de Abril Felino

Lembrar um crime muito incómodo para a sociedade portuguesa, foi o que fizemos no desfile do 25 de Abril em Lisboa - um dos maiores dos últimos anos, dez mil pessoas diz o DN.
Estava por lá malta do Clube Safo, da não te prives, do PortugalGay, e também a Teresa e a Lena. Pena sermos tão pouc@s, várias associações não vieram este ano...
Estas fotos são prenda da Ana Cristina Santos.

domingo, abril 16, 2006

Querida Doutora Marta

O rugido é do Nuno Carneiro, eu só o pedi "emprestado". s

Marta Crawford – Entrevista à Notícias Sábado, número 14
Jornal de Notícias - 15 de Abril de 2006
"[…]
Acabei por fazer o trabalho final [de estágio] sobre transexualismo.
Os seus colegas optaram por temas mais leves?

Sim, mais "light" […]. Escolhi o transexualismo, que era uma coisa mais arriscada."

Querida Doutora Marta:

Escrevo-lhe para lhe agradecer a bondade que revela na imensidão da sua coragem. Sou a Nunette, uma transexual, e questiono-me todos os dias sobre o que seria de mim se a senhora não tivesse lugar assente na praça mediática ou se tivesse desistido do seu estágio. O que a sua entrevista revela é da maior importância: que esteve muito tempo no Brasil, onde aprendeu tão correctamente a dizer transexualismo, que é adepta dos aditivos tabágicos, que alegram o meu Cartier light, e que se alistou na Al-Qaeda, organização que a dotou de enormes competências para lidar com os riscos deste mundo. Pelo facto de tocar piano, competência que também lhe desconhecia antes desta entrevista, sinto-me muito mais compreendida na minha incessante busca pela sensibilidade artística que a nós, transexuais, deve ser imposta. Tal sensibilidade sempre me pareceu a base psicológica fundamental e suficiente para adquirirmos a força e a coragem face aos riscos que a senhora profundamente conhece das nossas vidas. Mais do que conhecê-los, converteu-os um "ismo" e deles fez uma sua causa, pelo que venho convidá-la a planearmos uma acção terrorista. A rua de Gonçalo Cristóvão pode ser um bom local para iniciarmos esta jornada de luta: ali, não seremos sancionadas por fumarmos do meu Cartier, teremos francas probabilidades de nos depararmos com os riscos que lhe nutrem a alma, poderemos gritar ao ponto de, finalmente, merecermos a atenção da comunicação social e mostraremos aos seus comodistas colegas quão pouco valem todas as outras realidades existenciais a que, muito menos corajosamente que a senhora, decidiram dedicar-se. Proponho-lhe ainda que traga consigo os seus filhos, que já são meus de tanto a ouvir falar no amor que lhes tem: o seu quotidiano e recorrentemente verbalizado esforço de educação sexual doméstica pode encontrar o mais fértil dos terrenos se enveredarmos por esta acção. Promete ser a mais didáctica, eficazmente confrontativa, altruísta e plural oportunidade de crescerem e de se tornarem pessoas (tão "light") como nós (para refinar a genial metáfora da nossa estimada Margaridinha Rebelo Pinto).

Não perca a esperança pelas críticas que lhe têm sido tecidas e diga "coisas" , mesmo que "arriscadas" e tão acutilantemente designantes do nosso "transexualismo".

Beijos, Nunette.

O conflito sexual no seu auge e o medo de ousar

Um texto de opinião que escrevi para a revista Combate e que podem ler em
www.panterasrosa.com/combate.pdf

O rapaz de 16 anos que era o mais velho do grupo que assassinou Gisberta terá julgamento já a partir de meados do próximo mês - em que também se assinala, a 17 de Maio, o Dia Mundial contra a Homofobia (sim, a organização internacional também usa o termo de forma abrangente para falar de homofobia, lesbofobia, transfobia e bi-fobia, coisa que não nos apetece a nós fazer neste momento).
Várias organizações trans internacionais estão a propor uma acção coordenada em vários países para esta altura, para pressionar o Estado português a educar e legislar contra as discriminações, com enfase para a transfobia e protecção da população trans.

Devemos, portanto, voltar a agir por cá para que este crime brutal tenha consequências. Novidades em breve.

quarta-feira, abril 12, 2006

Gisberta - Pedido de Imagens

Car@s, temos recebido informação sobre vários canais europeus de televisão que estão a preparar documentários sobre a morte da Gisberta. O mais recente vem de um canal de televisão queer austríaco. É por isso que insistimos com um pedido já feito.

As panteras agradecem a tod@s @s que têm, ou conhecem quem tenha, gravações vídeo (nem que seja gravadas num telemóvel) quer da cobertura mediática nas televisões portuguesas, quer das vigílias que tiveram lugar em Lisboa e no Porto (material editado ou não), que entrem em contacto connosco nas duas próximas semanas para que essas imagens possam ser utilizadas nos documentários.

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sábado, abril 08, 2006

Novas listas de discussão...

... que nos solicitam divulgação.

Grupo Português de Intervenção Social: "Somos um grupo de ex-Testemunhas de Jeová, voluntariosos, amigos, solidários e unidos em torno de um ideal. A intenção de prestar aos homossexuais das ex–Testemunhas de Jeová, alguns apoios pelos eventuais prejuízos originados pela crença religiosa que adoptaram, é a razão da nossa existência. (...)"

BiPortugal: "Lista de correio electrónico para bissexuais e simpatizantes em Portugal. Esta lista visa reunir a comunidade portuguesa e proporcionar um meio favorável onde diversos assuntos de interesse para bissexuais portugueses possam ser discutidos e apresentados. É, simultaneamente, uma lista de carácter social e carácter activista. (...)"

Homossexualidade e Exclusão Social: "Somos um grupo de Alunas do Instituto Superior Miguel Torga (Coimbra). Frequentamos o 4º ano do curso de Serviço Social e estamos a realizar um Projecto no âmbito da disciplina de Planeamento e Gestão do Desenvolvimento, que se intitula:" Homossexualidade e Exclusão Social ".
Lembramo-nos de criar este blog como forma de podermos obter a participação de todos os interessados. Através deste blog iremos abrir reflexões acerca deste problema social. Desde já, agradecemos a participação de todas as pessoas. Aguardamos pelas vossas opiniões e intervenções."

O
www.gaylitoralalentejano.web.pt, "reabriu um espaço de partilha e aconselhamento para todos, um espaço de (re)orientação, com o apoio técnico de uma pessoa competente para o efeito, por via email ou online por msn.
O que, verdadeiramente, é importante, neste espaço, não é especular sobre a causa da homossexualidade mas sim a forma como esta é vivida, reconhecida e aceite. São vários os conflitos que surgem ao longo da vida, tais como: a incerteza de (não) ser homossexual, a aceitação/rejeição, o assumir-se como tal, as dúvidas daí decorrentes...Este espaço pretende dar resposta às vossas questões, assim como, aliviar o sofrimento em caso de dúvida e (re)orientar... Será um espaço de reflexão onde podem falar abertamente e em quem podem confiar. O sigilo é garantido. As respostas serão enviadas directamente para o e-mail que escolherem. Este espaço irá ajudar a resolver alguns dos vossos problemas.
Todas as terças e quintas-feiras das 22h00 às 24h00 adicionando ao seu msn re_orientaçao@hotmail.com , ou enviando um email para o mesmo endereço.

quarta-feira, abril 05, 2006

A Culpa é da morta *


Comunicado de Imprensa

Após aturado inquérito, a diocese do Porto concluiu que as Oficinas de S. José não terão qualquer responsabilidade no espancamento e assassinato de Gisberta. Para estes responsáveis eclesiásticos o facto da instituição que dirigem não possuir meios adequados para receber menores "com comportamentos delinquentes", justifica a ausência da sua responsabilidade particular no crime do Porto.

O inquérito conduzido pelo Conselho de Administração das Oficinas de S. José foi benevolente com…. as Oficinas de S. José. A diocese da Igreja Católica do Porto, entidade responsável pela guarda de tantas crianças em risco no país, vem esclarecer publicamente que afinal não tem qualquer responsabilidade quando alguma coisa corre mal. Não tem condições para as ter, mas tem estas crianças em situação difícil, a seu cargo. Não lhes pode prestar os cuidados e o acompanhamento devido, mas é à sua guarda que elas se transformam em tudo aquilo que serão no futuro.

O assassinato da Gisberta vem revelar em primeiro lugar a imensa debilidade e hipocrisia da política do Estado para com as crianças e jovens institucionalizados. A falta de meios, de condições pedagógicas e do mínimo investimento para ultrapassar esta situação tornou-se um dos problemas mais gritantes do país. Mas é preciso dizer que a Igreja é o principal cúmplice do Estado, parceira nesta irresponsabilidade criminosa, companheira de percurso e principal beneficiária dos poucos recursos atribuídos. Não podemos por isso aceitar que diocese do Porto venha dizer que não tem qualquer responsabilidade neste caso. Se reconhece que não tem condições para acompanhar os jovens das Oficinas de S. José, então feche a instituição. E quantas mais instituições sem condições mínimas estão a funcionar como "depósito" de crianças em risco?


Na Avenida Gonçalo Cristóvão, no Porto, as companheiras de Gisberta estão a ser alvo de um aumento das provocações transfóbicas e de situações de ameaça e agressão. Quantas Gisbertas terão que ser assassinadas para que a Igreja e os responsáveis governamentais entendam que a única garantia de integração social é aquela que gasta tempo, dinheiro e esforço com os jovens em risco e simultaneamente combate as discriminações?

Vivemos numa sociedade em que há crianças que são espancadas pela própria família, abandonadas pelos seus, objectos de comércio sexual, traficadas e escravizadas, abandonadas por todos e sem esperança de um dia poderem crescer sem medo. Para muitas a violência é a única linguagem que conhecem, o desprezo pela vida e dignidades humanas os valores que reproduzem e o ódio a pessoas como a Gisberta até os aproxima das atitudes da maioria, nomeadamente do discurso reproduzido pela Igreja Católica a propósito da diversidade sexual.
Suprema ironia, terá este crime hediondo sido para os seus jovens autores, uma forma de integração e normalização social?

*Não esquecemos, não podemos esquecer a tentativa de insinuação pública do responsável pelas Oficinas de S. José, Padre Lino Maia de que Gisberta perseguiria uma das crianças e o crime constituiria uma auto-defesa.

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sábado, abril 01, 2006

Troca de correspondência com a GALP Energia

Caros senhores,

É evidente que não estar explícita no vosso 'site' a palavra em causa não faz qualquer diferença, e que existe apenas uma interpretação possível para essa passagem.

De resto, considero a resposta da GALP-Energia uma emenda pior que o soneto, porque não reconhece o erro e o dano, decidindo-se corrigir futuros materiais pela polémica causada e não por que se tenha compreendido a gravidade da letra em causa.


É isso que faz a GALP ao argumentar que "a letra recorre exclusivamente ao humor", recorrendo-se do jargão corrente no hip-hop e no futebol. Ou não fosse sabido que é através do pretenso "humor" que boa parte das discriminações actuam, se reforçam e perpetuam, bastando ver a frequência com que são os grupos mais fracos e excluídos da sociedade os alvos desse mesmo humor, raramente isento, inócuo ou inocente. Coisa que devia ter muito presente uma empresa com a estatura da GALP-Energia, à qual deveria corresponder - em todos os momentos, como aqui não foi manifestamente o caso - uma responsabilidade social acrescida.

Na verdade, "retirar na totalidade a referência em causa" dos próximos materiais produzidos pela GALP-Energia no âmbito desta campanha, é o mínimo e o óbvio que podemos exigir.Tal decisão não retira, infelizmente, a "referência em causa" dos materiais já produzidos pela vossa campanha, nem apaga o efeito de reforço da discriminação inerente àqueles que já chegaram ao público. Presumo, aliás, que os materiais já produzidos não serão retirados de circulação pela GALP-Energia, facto que só posso lamentar profundamente, e que, naturalmente, só pode justificar a continuação do meu protesto, bem como do movimento de Combate à Homofobia que integro.

sérgio vitorino

Em 31/03/06, Comunicação Corporativa <
galp@galpenergia.com> escreveu:

"Exmo. Senhor,

O teor da letra do hino da campanha "O Sonho", com o qual a Galp Energia pretende gerar uma onda de apoio e de entusiasmo e em torno da participação da Selecção de Futebol no Campeonato Mundial, não tem qualquer intenção de ofender nenhuma pessoa ou grupo de pessoas da sociedade.

A letra recorre exclusivamente ao humor, utilizando, em muitas passagens, a linguagem que é utilizada hoje em dia no jargão do hip-hop e do futebol. Sublinhe-se que o termo que gerou alguma contestação não aparece de forma explícita em nenhum local do texto.

A Galp Energia lamenta que o teor da letra possa ter suscitado interpretações diferentes daquele que era e continua a ser o objectivo da campanha – apoiar, de forma positiva, a Selecção na competição mundial que se avizinha.

Face às reacções que o texto provocou, a Galp Energia decidiu remover na totalidade a referência em causa, de todos os materiais que serão produzidos a partir de hoje.

A Galp Energia reitera que em momento algum pretendeu ferir sensibilidades e mantém, como sempre manteve, o total respeito por todos os membros da sociedade.

Galp Energia"

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