quarta-feira, abril 30, 2008
1886, 1 de Maio, os trabalhadores das principais cidades norte-americanas entram em greve e marcham por melhores salários e pela jornada de oito horas. Nova Iorque, Boston e Chicago, as cidades da industrialização americana do final do sáculo, vêem centenas de milhares de trabalhadores nas ruas a exigir direitos. Em Chicago, o ponto de encontro foi no Haymarket Square, esquina com a Randolph e a Des Palines, hoje WestLoup, a baixa comercial da cidade. Os organizadores, militantes anarquistas, grande parte originários da emigração alemã intervinham num palco improvisado, muitos outros trabalhadores também. Uma bomba artesanal explode próximo do contingente policial que vigiava a manifestação e vitima sete polícias. No mesmo dia as represálias fazem pelo menos 4 vítimas entre os manifestantes e muitas dezenas de feridos.
Nos dias que se seguem a repressão e a perseguição ao movimento dos trabalhadores é implacável e todos os principais organizadores são presos, julgados sumariamente e enforcados. Dois anos depois as autoridades da cidade erguem em Haymarket uma estátua de homenagem aos polícias vítimas do rebentamento. A estátua é constantemente vandalizada e hoje repousa no fim de um parque sem grande movimento. Por outro lado, desde 2004, o local está assinalado por uma escultura e homenagem aos trabalhadores e paga pelo dinheiro de fundos sindicais de várias centrais do mundo.
Claro que a guerra fria e o pânico ao comunismo fez com que o Labour Day americano seja comemorado em Junho e não como no resto do mundo no 1 de Maio. Mas desde 2006, em Chicago, no Primeiro de Maio realiza-se uma Marcha pelos direitos laborais dos imigrantes. Mais de 200 mil pessoas exigiam papéis, direitos familiares, salários iguais. E Chigaco é uma cidade construída por imigrantes, como tantas nos EUA. Este ano a marcha repete-se e juntaram-se as organizações LGBTQ, que convocam a populacao para este dia de protesto. O Primeiro de Maio está a renascer em Chicago, onde tudo começou. E os trabalhadores e as trabalhadoras agora são de todas as cores.
João Carlos
Pantera em Chicago
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