Referendar as nossas vidas?
"Daí ser um desconchavo agressivo e malévolo propor um referendo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Dificilmente um professor de Direito Constitucional arranjaria melhor exemplo de uma questão que não devemos referendar. Não cabe discutir em referendo se a Constituição concede ou não o direito de casar. Não cabe sujeitar a um referendo os direitos de uma minoria de cinco por cento da população, vítima histórica e actual de crimes de ódio e insultos generalizados, de tal modo que quase não há um homossexual da televisão portuguesa, dos grandes escritórios de advogados, da direcção dos maiores partidos ou das maiores empresas que tenha a coragem de sair do armário. Não cabe sujeitar o símbolo com que cada um queira sentir-se privilegiado na sua vida ao confronto com o símbolo de exclusão de alguns e de privilégio de classe que outros talvez queiram manter. A democracia não é isso."
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