segunda-feira, março 30, 2009
domingo, março 22, 2009
REINO DAS TREVAS
Agora, por África, começou por acusar a utilização dos preservativos de “agravarem o problema”. Os 22 milhões de infectados neste continente agradecem-lhe as palavras. O esforço de muita gente, inclusive de católicos, para combater a pandemia, também.
Mas o verdadeiro banho de multidão de Ratzinger foi em Angola, onde um governo autoritário, foi o anfitrião perfeito. Mesmo com as referências piedosas à fome, pobreza e corrupção, o Papa em campanha africana, viu consagrado em Angola, o seu espaço de influência social simultaneamente protegido pelo governo de José Eduardo dos Santos. Naturalmente, uma vez que a promessa do reino dos céus, transforma os crentes em ovelhas perante as misérias do mundo terreno.
A única nota que terá desagradado ao sumo pontífice terá sido a alegria das danças com que os crentes angolanos e dos Camarões o terão recebido. Teria preferido uma recepção mais “contida” que a alegria e a dança são coisas do demónio, pois claro. Como o sexo.
Em Espanha, a Igreja de Ratzinger está em campanha fervorosa contra o aborto. Outdoors com imagem de linces e de crianças. O lince protegido, claro está, enquanto a criança nesta versão integrista, anda à procura de igual protecção.
Por cá, os dignatários que representam a Igreja de S. Pedro, acreditam fervorosamente que o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo é um sinal do fim dos tempos e do apocalipse. Com devoção entregam-se ao combate para que os partidos do centro não caiam na tentação de assim abrir os caminhos da perdição. Falam de gays e lésbicas, como “pessoas dignas de compaixão”, brandem contra as suas famílias e filhos, horrorizam-se com a felicidade “não procriativa”.
Para o PS, que recentemente assumiu o compromisso de uma lei que acabasse com a discriminação no acesso ao casamento, crianças também não. Os menos maus dizem que “a sociedade não está preparada”. Os piores como Mário Soares ou ainda Vital Moreira, que a assumpção destes direitos desvalorizam o partido que tem coisas mais importantes para tratar.
Para quem pensa que o progresso é uma caminho imparável e que nos leva sempre a uma patamar mais elevado de organização social, estes exemplos não são bons argumentos. O reino de Ratzinger, é de trevas e afinal, o PS também também tem demasiados momentos sombrios.
joão carlos
Imagens: slogans do Act Up Paris numa manifestação esta semana na capital francesa em que @s activistas foram agredid@s por militantes integristas católicos.
sábado, março 14, 2009
sexta-feira, março 13, 2009
ISTO AQUI NÃO ANDA BEM
humilhados todo o tempo, feridos e discriminados,
sem motivo e sem perdão /nem sequer alguma
fraca justificação.
Não se explica tanto ódio, esta desconsideração/
nem esta exploração,
tanto louco assassino com o dedo no botão/
tanto bófia presumido com o dedo no bastão,
e a raiva acumulada, que perdemos sem direcção
tanta força desgastada, tanta falta de visão.
Não é só preconceito essa coisa do racismo
um sistema muito organizado de supremacismo
Não está só na mente, está na condição,
na miséria, na injustiça, nas vidas de submissão,
nas leis racistas, promotoras da exclusão,
e há gente neste mundo, está claro, bem cabrão,
percorrendo mares em 'pateras' e fronteiras 'carniceras',
a sua origem um pretexto para a visão persecutória,
será que não temos todos/ todas uma história?
Isto aqui não anda bem
para ninguém
a não ser para a pequena minoria que nos rouba o sustento e a dignidade de cada dia.
Sabes como é, uma mulher
não pode ser mulher senão de uma maneira,
qualquer outra é uma rameira...
como se os homens não o fossem
ahahahah
quando na rua
só vêem 'gajas boas' onde há pessoas.
Para eles há boas mulheres, estão guardadas em casa,
e qualquer outra que não a nossa é objectificada,
e um alvo do seu desejo e agressão,
alvo "legítimo" da sua imposição.
Cúmulo da mentira, em casa também se bate,
a fachada de felicidade esconde o mau trato,
para cadea massacrada que vai levando calada,
há um dedo macho, um cobarde que golpeia,
um tiranito de trazer por casa...
pequeno facho.
Não bastava o trabalho, correr por menor salário.
Engravidas, vais p'rá rua, que má sorte foi a tua
que estes cabrões
até crianças põem a trabalhar,
sempre que o lucro o justificar:
dezasseis horas por dia, sete dias por semana, um minuto p'ra mijar,
completa instabilidade, sempre a precarizar,
nos seus call-centers, pizza-enters, fuck-donald's,
nessa merda toda em que se trabalha sem direitos.
Quando a falta de amanhã se disfarça de um emprego, estamos feitos.
Isto aqui não anda bem
para ninguém.
Se continuarmos divididos, confundindo inimigos,
cairemos desunidos.
Sabes o que é a homofobia?
Ser insultado, apagado, agredido e limitado a cada dia,
cada minuto é uma fobia,
toda a cultura te recorda quem tu és,
para ficares no teu cantinho, discretinho,
ar contentinho...
ferves por dentro, auto-infliges torturas várias,
não te reestruturas sem as forças necessárias,
da tua mente à tua vida,
da tua mãe ao teu papá,
é da escola ao trabalho,
do pensar ao blá-blá-blá,
é da TV até à rua, até à tumba e desde já:
podes estar quietinho, mas não ser nem demonstrar,
Liberdade de Expressão, só a podes imaginar,
tens que reaprender a vida, porque a vida se ocultou,
não vais viver decansado, sem saber que isto mudou.
Cobardia aliás não falta,
é o luxo dos poderosos,
e à agressão de um sistema errado,
todos estamos expostos,
qualquer um e qualquer uma pode ser discriminado/a
porque basta ter nascido ou viver do lado errado.
Se já sabes como é, então ouve, não há tempo
para sabê-lo e seguir contente,
como se nada fosse,
e não valesse o acrescento,
há que juntar todas as forças para pensá-lo
e trazer nas nossas mãos a ideia de modificá-lo.
sexta-feira, março 06, 2009
Questões estúpidas a não colocar a uma pessoa transexual
Ou uma desmistificação na primeira pessoa de alguém farto das habituais ideias feitas. De uma vez por todas: as pessoas trans, como todas as outras, têm diferentes orientações sexuais, sejam hetero, gay, lésbicas, bisexuais, etc; não existem apenas transexuais pré-operação ou pós-operação, mas também pessoas que não desejam sequer ser operadas; que, sobretudo, não é a cirurgia e o que se tem ou não tem entre as pernas que determina o género das pessoas.