GenderFuck & QueerManifesto
Cabeças de piça
E caras de cona
É o que sois, é o que usais
E não é entre as pernas
Mas nas lógicas mentais
O que é uma cona
Senão uma piça revirada
Que é uma piça senão
Uma cona hormonada
Carne não é mais que carne
Na cabeça a identidade
Gajas, gajos, gajEs
São maior complexidade
Mas nesta bela sociedade,
Entre as pernas reside a verdade
Os gajos fazem de árvore
Gajas e gajes são folhage
E se uma coisa é ser
Gajo, gaja, outra coisa qualquer,
Se a pila não faz um gajo,
E se a cona não é mulher
Então o género não está na coisa
Nem a coisa te dá poder
A não ser que pila e cona
Interfiram com o teu viver
Ora, o género mora na cabeça
Entre as pernas é só sexo
Ora, o género mora na cabeça
Entre as pernas é só sexo
Outra coisa é o desejo
Esse mora no sentir
Gostar de piça ou de cona,
Ou com ambos poder ir
Homo e hetero são prisões
Que só cancelam tesões
O desejo é mais complexo,
E, em nós, as emoções.
O gostar é mais diverso
Do que querer só carne ou peixe
Só a mistura é real
E além disso é universal
Homo ou Hetero? MENTIRA!
Todo o ser é sexual
Todos temos um e outro,
Que o desejo é animal.
Temos mais ou menos, é evidente
Cada pessoa 1 padrão diferente
Cada ser seu querer e grau
De repressão sexual
A vida também é paneleira
Quer queiras quer não tens disso na veia
Mas cada pessoa sabe de si
Um não é um não, e talvez não é sim
Cada pessoa é como é
O que interessa é ser feliz
Tenho rupturas a propor
Mas não venhas porque eu quis
É só se tiveres vontade
De questionar a identidade
Porque o ser é mutante, é lume
E nenhuma convenção te resume
Hoje não há pilas,
Hoje não há conas
Não há gajos, não há gajas, nem heteros, apenas gente
Segue uma proposta de exercício experimental
Hoje o hetero é quem se esconde
O paneleiro é que é normal
Assim como paneleiro é discreto
Senão a vida enfia-lhe um espeto
Hoje, hetero será marcado
E o seu exprimir a dedo apontado
Não é bonito, não é correcto
Mas é a proposta assente
Que o paneleiro partilhe
O seu sentir com toda a gente
Inverter uma lógica estúpida
Para vê-la ao contrário
Não é só uma brincadeira
Expõe o seu peso diário
Cabeças de piça
E caras de cona
É o que somos, é o que usamos
E não é aqui entre as pernas
Mas naquilo que pensamos
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